A partir das leituras, dos vídeos e dos comentários dos colegas, gostaria de pontuar algumas coisas
As performances das três mulheres são fortes, políticas, intensas. Cada movimento, olhar, reação do corpo, demonstram detalhes que não seria possível traduzir facilmente para o texto escrito, de maneira que esses vídeos registram não só a autoria de cada uma das mulheres mas também a forma como a obra deve ser executada, compreendida.
Cada uma das performances é interpelada pela tecnologia. Márcia e Bia declamam diretamente para a câmera, enquanto Luiza é filmada conscientemente, mas o vídeo não é seu produto final desejado. Para Luiza e para o Slam o produto-performance está na rua, é o próprio Slam, e o vídeo não é o primeiro objetivo final. Já quanto ao KWORO KANGO a tecnologia perpassa todas as etapas, há tradução em todo o vídeo ainda que não exista disponível um tradução do significado da letra O canto é indígena, mas a música do vídeo já é gravada por outros que não eles, e ainda de acordo com um dos comentários as imagens são de povos do Rio Negro e Xingu, e não de Kaiapós.
Me pego pensando sobre o "universo de neovocallidade" e a tecnologia, penso sobre a tendência atual de adolescentes dizendo muito em curtos vídeos de TikTok sem de fato falar nada. São vídeos com performance, com todo o corpo inscrito na mídia, mas que ao invés de palavras faladas trás palavras escritas de maneira rápida, explorando todo o espaço da imagem, nada como legenda mas sim como parte da performance. Acho interessante como jovens tem se apropriado de um espaço feito "apenas" para entretenimento e burlam os algorítimos para conseguirem com esses vídeos sem falas, ou com falas e distrações em vídeo, trazerem conteúdos que a rede não aceita, como política, violência policial, racismo e discriminação.