Unidade 4: Análise Situacional da Cultura

Diagnóstico do desenvolvimento da cultura
Desafios, oportunidades, diretrizes e objetivos

Análise dos instrumentos legais e da situação


Análise dos instrumentos legais

É importante considerar os instrumentos legais que regulamentam a cultura no Estado. Entretanto, tais instrumentos não se restringem ao âmbito estadual: estamos falando aqui em toda e qualquer lei que apoie a cultura – seja ela municipal, estadual, nacional ou internacional. Existe todo um conjunto de legislação aderente às discussões do campo da cultura. Por exemplo, a identificação de leis específicas de fomento à cultura será importante para o desenvolvimento na área. Para isso, é necessário identificar, no espaço definido para o diagnóstico, a legislação existente.


Existem leis municipais, estaduais e federais que visam à promoção e ao incentivo à cultura. É importante listar os documentos legais que influenciam as áreas da cultura atentando para a relação entre o seu conteúdo, a sua atualidade e sua coerência ante os demais instrumentos.

Portanto, no roteiro há a necessidade de listar os documentos legais que influenciam a cultura no Estado atentando para a relação nesses três pontos: o conteúdo desses documentos, sua atualidade e sua coerência com os demais instrumentos.

Dica
Fique atento, pois podem existir leis municipais que instauram direitos culturais e que não estão sendo seguidas. Elas poderão ser úteis para a construção do plano.



Análise da situação Realizado o inventário do campo cultural e sistematizadas as informações obtidas sobre o campo da cultura, é necessário estabelecer a forma de organizar o conjunto de dados e informações coletados. É possível que os diferentes atores envolvidos no processo de construção do Plano Estadual de Cultura tenham levantado um conjunto bastante amplo de informações a respeito da área cultural para fundamentar melhor a construção do Plano. Mas é importante que esses dados e as informações sejam sistematizados de forma que possam ser utilizados nas etapas seguintes da construção do Plano. Trata-se, aqui, de organizá-los de uma forma coerente, possibilitando sua otimização. Essa etapa poderá ser realizada com a participação dos atores que constituem o Fórum Estadual de Planejamento da Cultura ou até mesmo por meio de seminários abertos à população, envolvendo demais atores interessados.

Dica
No Brasil, temos carência de bases de dados referentes à cultura, mas a ausência de informações pode ser contornada por meio de um processo participativo abrangente, pois as pessoas atuantes no campo guardam na memória sua história.



Também é possível, com o acesso da população à internet, disponibilizar o diagnóstico por meios digitais e fomentar discussões a seu respeito, assim como também é possível o retorno de sugestões por diferentes meios. O objetivo é levantar as principais realizações e as dificuldades da área de cultura. Todos os dados e os documentos reunidos até o momento devem ser utilizados. Os materiais produzidos e sistematizados pelas conferências de cultura também devem ser utilizados.

O processo participativo nessa etapa é muito importante, pois ele nos possibilita ir além da visão tradicional do diagnóstico vinculada a uma perspectiva essencialmente técnica, que desconhece a multiplicidade de interpretações a que as informações estão subordinadas. O processo participativo evidencia essa multiplicidade e possibilita um avanço na compreensão da situação da cultura no Estado, enriquecendo o processo.


Na perspectiva situacional, um dos elementos centrais é a identificação de problemas, pois a realidade é composta de problemas, oportunidades e desafios. Nessa fase, cabe aos atores saber identificar esses problemas na realidade observada, distinguindo as causas e as consequências. A aproximação com problemas concretos vincula os atores do campo com o processo mais técnico do planejamento.


Assim, a escuta atenta é importante no processo participativo. Muitas vezes, construímos a ideia de que os agentes culturais apresentam demandas referentes a maiores investimentos ou nos focamos na perspectiva dos equipamentos, quando, em muitos casos, os agentes esperam mudanças na forma de administrar a cultura, os equipamentos, os recursos e as decisões.

Agora podemos perceber melhor a importância do processo de levantamento, realizado anteriormente com a construção do inventário ou do mapeamento do campo da cultura. Com esse levantamento, fica mais fácil identificar no campo da cultura os problemas concretos apontados anteriormente.

Dica
Outro fator relevante para a análise situacional é observar todos os aspectos contemplados no Sistema Nacional de Cultura, considerando a própria necessidade de construção do Plano, dos conselhos de política cultural e da constituição dos fundos. Além disso, é importante contemplar o Plano Nacional de Cultura com seus cinco capítulos, 36 estratégias, 275 ações e 53 metas.



Por fim, lembramos que na análise situacional, devemos identificar, a partir das informações existentes, as principais necessidades do campo da cultura no Estado. É importante tratar essas necessidades de forma transversal, ou seja, as necessidades serão encontradas tanto setorialmente quanto territorialmente. Mas para a organização dessas informações, a construção de um mapa deve representar as necessidades de todo o campo da cultura.