Pressupostos

Se o conceito de custos, supõe o trabalho de mensurar todos os recurso (em diferentes unidades de medida utilizados) e atribuir valore (monetários) a cada um deles. O trabalho de levantamento e cálculo se baseia exatamente na operação de revelar e organizar estes dois grupos de informações sobre o que foi ou será mobilizado entre os componentes dos custos.

A operação de levantamento de um componente do custo (por exemplo, mão de obra) implica em uma mensuração e atribuição de valor contábil, ou seja, nem todo  custo implica, necessariamente, em uma despesa ou gasto monetário realizado. É preciso ter em mente a diferença entre gasto, que pressupõe o dispêndio direto de valores monetários pagos com o conceito de custo, que pressupõe todos os recursos, que muitas vezes não implicaram e gastos, ao menos, não de forma direta. Então, há custos que são indiretos, como por exemplo, o custo decorrente de recursos produtivos (máquinas, benfeitorias e mão de obra própria) que implicam em gastos, mas estes estão diluíssem outras formas. Em suma, a apuração de um custo de produção, não é o mesmo que construir um fluxo de caixa, no qual, de um lado, estão as entradas monetárias ou receitas recebidas, e de outro, as despesas pagas, ambas referidos a um determinado período de tempo (ciclo produtivo, mês, ano).

                                                       HORIZONTE TEMPORAL DO CÁLCULO E DA ANÁLISE

Definir o horizonte temporal que será objeto de levantamento e cálculo do custo de produção. Geralmente são dois caminhos possíveis.

 

Por ciclo produtivo. Aplica-se para produtos agrícolas ou pecuários que possuem início e fim determinados por ciclos biológicos ou sazonalidades do processo produtivo. Cultivos agrícolas de modo geral, possuem época de implantação e término com a colheita e consumo/comercialização. Na produção animal, da mesma forma, há um ciclo dos animais destinados a produção de carne, assim como em aqüicultura.

Por período: o período aqui se refere ao calendário apurado em dias, semanas e meses. Acompanhar os custos de produção por período (custo do produto no mês X, por exemplo) é recomendado para atividades produtivas que possuem certa regularidade no uso de recursos produtivos e na geração de receita. Um exemplo, é o caso da produção leiteira. Para fins de gestão faz mais sentido, acompanhar os custos de produção mensalmente, tendo em vista que a produção é diária e os custos necessários são constante, embora variáveis ao longo de um ano, por exemplo.

Para determinados sistemas de produção é possível gerar a informação tanto por ciclo produtivo como por período. Isso se aplica a sistemas de produção que permitem vários ciclos produtivos de um mesmo produto ao longo de um ano. Hortaliças de modo geral, avicultura de corte integrada, piscicultura em algumas regiões, entre outros. As atividades de agroindustrialização familiar, como produção de queijos e outros derivados de leite, também podem gerar a informação por período ou ciclo.

Nota: é importante ter em mente sempre qual o horizonte temporal do produto que se pretende levantar o custo de produção.

FORMAS USUAIS DE LEVANTAMENTO DE CUSTOS DE PRODUÇÃO

Há duas formas usuais de levantamento de custos de produção:

Levantamento e apuração de custos de produção realizado – deve ser feito durante e logo após a um ciclo de produção ou a um período de tempo. Neste caso, dizemos que o trabalho busca todas as informações e dados sobre o uso de recursos e seu valor tendo como referência os componentes do custo, as quantidades e os preços de cada um deles que realmente foram mobilizados no ciclo produtivo ou período de referência. Não importa, se o produtor adquiriu três toneladas de um determinado fertilizante para uso no ciclo. Importa registrar se utilizou este insumo, em que quantidade e o valor do mesmo. Assim se ele utilizou duas toneladas e não três, é esta informação que devo contabilizar pelo preço por quilograma ou tonelada que pagou no momento da compra.

-Levantamento e apuração de custos de produção orçados – deve ser feito antes do início do período ou ciclo produtivo do produto. Neste sentido, a apuração do custo de produção tem como base estimativas técnicas e econômicas de um determinado sistema de produção.

Ele também pode ser chamado de ORÇAMENTO e consiste em uma ferramenta de PLANEJAMENTO GERENCIAL das atividades produtivas.

O agricultor está prestes a iniciar uma nova safra do cultivo de cebola e quer estimar o custo de produção e a rentabilidade esperada. Como construir esta estimativa? No plano técnico, observa os recursos necessários para implantar uma determinada área agrícola com o produto e o que possível obter de produção (volume) a partir destas condições. A qualidade das estimativas é ponto chave, para que esta produção esteja mais próxima da realidade. assim, se estamos tratando de um custo orçado de produção de cebola de um produtor que já trabalha com este produto a mais tempo, o seu histórico das últimas safras deve orientar as projeções. Também, pode, se não estão sendo projetadas mudanças significativas no sistema de produção, ter neste histórico, informações precisas sobre os recursos utilizados e necessários para o novo ciclo. Se os fatores de produção como terra, benfeitorias, máquinas e equipamentos são mais ou menos os mesmos, há condições de estimar, quanto de combustível, energia, serviços de manutenção podem ou não ser demandados ao longo do ciclo vindouro.

No caso da adoção de mudanças tecnológicas significativas a serem incorporadas no sistema de produção, há que estimar seu impacto, tanto em aumento da produção ou alterações nos componentes dos custos que vinham sendo efetivados nos ciclos anteriores. Dois exemplos: 1) para o novo ciclo o produtor fará uso de um trator novo para as operações agrícolas e não mais o trator usado com vida útil de 15 anos. A pergunta a ser feita é? Em que medida este trator aumentará a produção (em volume)? Em que medida melhora a eficiência das operações no ciclo? Como impactará no custo dos ativos fixos mobilizados na produção? O produtor pode estimar que o fato de possuir um novo trator não terá impacto direto no aumento da produção de cebola. Entretanto, por ser uma máquina com mais tecnologia, implicará em menor consumo de conbustível, mão de obra em algumas operações e despesas com manutenção. Deste modo, o uso do trator novo implicará em redução dos custos diretos associados ao seu uso. Também se alteram os valores contabilizados da entrada do trator no cálculo das depreciações, aumentando, provavelmente, os valores do mesmo entre os custos permanentes da atividade.

 

Última atualização: terça-feira, 4 out. 2022, 12:55