Penso que temos muitas limitações nesse formato de ensino não-presencial. Uma formação crítica, em sua forma radical, tem como princípio inerente a reflexão e a capacidade de pensar e racionalizar sobre o vivido, mas ultrapassa essas dimensões na medida em que um princípio humanizador atravesse as ações. Dito de outro modo: podemos ter princípios humanistas no trabalho via plataforma, mas os recursos o são de forma muito limitada. São ferramentas, não pessoas - começamos por aí. Há ainda a ideia de funcionalidade, de instrumentalidade... isso gera uma compreensão de mundo que é incorporada ao longo desse fazer. Aprendemos fazendo. Esse é um fato que a "educação crítica" "se debate", no sentido de uma espécie de angústia pela limitação reconhecida. A vivência tem um poder maior do que o discurso. Os "meios" são mais instrutivos que os "princípios". E além disso: nos "meios/recursos" está implícita uma forma de estar no mundo. Qual é essa forma de estar no mundo que estamos reproduzindo?
Apesar disso, observo alguns pontos positivos no qual estou apostando, diante da impossibilidade de encontrar outros caminhos nesse momento. Trata-se de algumas estratégias que as tecnologias oportunizam: colaboração, autoria, conexão, relação, etc. É limitado, mas é uma via. Por isso me parece essencial conhecer bem os recursos, antes mesmo de elaborar os "princípios", pois é nos usos e nas reinvenções que farei da tecnologia que posso refletir e direcionar as "mensagens ocultas/implícitas" (sobre visões de mundo e ser humano) que irei apresentar às crianças.
Compartilho ainda com os colegas a aflição quanto ao acesso democrático ao conhecimento escolar. Penso que teremos que produzir ao menos dois materiais: um para quem tem acesso ás mídias e outro para aqueles que não têm acesso.