Neste curso aprofundaremos as análises para a vigilância em saúde construindo diagramas de controle. Em epidemiologia este termo se refere ao conjunto de métodos quantitativos utilizados para estabelecer a faixa de endemicidade de um determinado agravo ou doença, permitindo avaliar se em um determinado período do tempo há uma epidemia ou há um comportamento endêmico. Em poucas palavras, construir um diagrama de controle é realizar uma avaliação gráfica da faixa de oscilação no número de casos esperados e definir se os valores apresentados no gráfico estão acima de uma ocorrência esperada, ou se indicam a probabilidade de epidemia ou surto.

Na vigilância em saúde, quando necessitamos definir quais são os limites esperados para uma doença ao longo do tempo, construímos um diagrama de controle. Trata-se de uma visualização gráfica que identifica a ocorrência de uma epidemia ou surto, ou seja, permite que visualizemos de forma rápida o aumento dos casos de uma doença conhecida para que as equipes de saúde possam aplicar medidas de controle precocemente.

Muitas vezes, no dia a dia, monitorar algumas doenças como a dengue é desafiador. Automatizar esta análise incluindo o diagrama de controle qualificará sua rotina de detecção precoce de epidemias. Para confeccionar um diagrama de controle existem diferentes métodos. O mais conhecido e aplicado atualmente é o que utiliza o cálculo da mediana por semana epidemiológica dos casos notificados em um período de dez anos.

Durante o intervalo de tempo que será escolhido para se estimar a faixa endêmica (em geral 10 anos), e sobre a qual colocaremos os valores do ano em que queremos saber se há uma epidemia, é importante que não tenha havido grandes alterações no número de casos. Ou seja, os anos com registro de epidemias (epidêmicos) devem ser excluídos desse período que nos informará o canal endêmico. Isto porque para o uso da metodologia escolhida neste curso os aumentos bruscos na análise podem enviesar os resultados gerando interpretações inadequadas.

A partir do número de casos ao longo dos dez anos, se faz a determinação do chamado canal endêmico, ou seja, o padrão regular da frequência dos casos em três componentes do diagrama de controle:

1. O limite superior: limiar epidêmico, indica a frequência esperada máxima de casos em cada semana epidemiológica. É calculado com base no quartil 75 ou ± 2 desvios padrões, correspondendo à dispersão do número de casos nos últimos dez anos em cada semana.

2. A média de casos: nível endêmico, representa a frequência média esperada de casos em cada semana epidemiológica, baseada na medida de tendência central da distribuição de casos nos últimos dez anos, em cada semana epidemiológica.

3. E a distribuição dos casos observados: indica a frequência de casos em cada em cada semana epidemiológica do ano que está sendo estudado. Pode ser utilizada neste componente o número absoluto de casos ou o cálculo da média de casos ou até mesmo a incidência de casos.

Dessa forma, representam-se esses componentes em um gráfico como na Figura 1. Nele os componentes 1 e 2 são representados em uma linha e o 3 é representado por barras. O eixo x do gráfico é a unidade temporal escolhida (a semana epidemiológica) e o eixo y a frequência dos dados estudados.

Fique tranquilo, veremos todas estas etapas com passo a passo neste curso!

Observe a seguir na Figura 1 a representação gráfica de um diagrama de casos de uma doença organizado por semana epidemiológica:

Figura 1: Exemplo de um diagrama de controle.

Assim, concluímos que nosso diagrama de controle é composto por:

• Linha laranja tracejada: limite superior de casos esperados em cada semana epidemiológica considerando-se os dados referentes aos anos anteriores não epidêmicos.
• Linha azul escura: média de casos calculada com base nessa série histórica pregressa.
• Barras em azul claro: número de casos observados por semana epidemiológica no ano estudado.

A representação gráfica é um recurso poderoso! Você aprenderá neste curso que a sua confecção é relativamente simples, permitindo aos profissionais da vigilância em saúde o monitoramento dos casos e a análise de sua distribuição ao longo do tempo revelando se há uma epidemia ou uma endemia em curso.