1)     Como considerar as horas de trabalho familiar/próprio?

As tarefas realizadas no ciclo produtivo ou período de um sistema agroecológico devem ser registradas como item de custo. Utiliza-se o mesmo princípio que vale para qualquer insumo ou serviço UTILIZADO deve ser registrado em sua quantidade e preço.

O registro e estimativa das horas trabalhadas é uma ferramenta importante, pois, na maioria dos sistemas agroecológicos ele é o principal ítem de custo. O registro das horas trabalhadas deve compor a caderneta de campo. Cabe estabelecer um formato de registro que seja adequado para aquele agricultor ou empreendimento. Comumente, o registro pode ser feito considerando a tarefa realizada e o tempo dedicado (horas, dias) em uma determinada área. O registro é importante, pois, sabemos que o cotidiano das tarefas em uma unidade de produção é dinâmico. No caminho até a área que está sendo acompanhada, por exemplo, são exercidas outras pequenas tarefas, como cuidado de animais, transporte de materiais até outra parte da propriedade e assim por diante. Também há um tempo de trabalho “indireto”, normalmente não contabilizado, mas sem o qual não seria possível a realização da própria tarefa na área. Algum tempo é dedicado para fazer a comida de quem está realizando a colheita das hortaliças, por exemplo, ou há um tempo dedicado para preparo das ferramentas e utensílios que serão utilizados na área. É recomendável, considerar este tempo de trabalho “não visível” como parte das tarefas. Outro aspecto importante é anotar quem realizou a tarefa. Isso permite, por exemplo, evidenciar a dedicação em horas de homens e mulheres do grupo familiar.

2)     Qual o preço a ser considerado pelo tempo de trabalho próprio?

Uma recomendação é utilizar o preço da diária do seu município ou região para realização de tarefas agrícolas. Aqui supõe-se que o trabalho próprio deve ser remunerado ao mesmo preço do trabalho contratado e aquele sistema produtivo, área ou ciclo deve ser capaz de suportar este custo.

3)     Mas o trabalho próprio/familiar não deveria ser considerado como resultado?

Esta questão faz sentido. Por mais que consideramos o trabalho próprio/familiar como ítem de custo ao preço de mercado, na prática este valor é apropriado pelas pessoas que conduzem e trabalham na unidade de produção. Por isso, podemos fazer um cálculo final dos custos da seguinte maneira:

1)      Mensurar o tempo de trabalho familiar/próprio na caderneta, mas não contabilizá-lo nos custos. No final, toma-se a Margem Líquida obtida na área ou período e divide-se pelo total das horas de trabalho dedicadas a esta área. Assim, se a Margem Líquida for R$ 8.000,00 e nesta área foram utilizadas 200 horas de trabalho familiar, então a remuneração do trabalho (Renda/hora) foi de R$ 40,00

2)      Contabilizar o trabalho próprio ao preço da diária de mercado. No final, aplica-se a seguinte cálculo: Margem Líquida (R$) + Trabalho Familiar (R$) = Renda da área.

Este cálculo permite aferir a Renda Real das pessoas oriunda do sistema agroecológico acompanhado, ou dito de outra maneira, aferir a Remuneração do Trabalho (salário, diária real das pessoas).

 

Última atualização: quarta-feira, 26 out. 2022, 16:16