Os processos de ensinar e aprender exigem do professor uma organização de materiais e recursos, de conhecimentos escolares, de estratégias, de espaços e tempos para que a aprendizagem seja um processo crescente e vívido para os estudantes. Nesse processo, é por meio da mediação, numa perspectiva sóciointeracionista que os sujeitos avançam na construção do conhecimento e podem, juntos, aprender para se desenvolver como pessoas mais críticas e criativas, emancipadas e autônomas.
Tendo esse princípio como premissa, as TDIC na educação podem se tornar recursos interessantes para que todos nós aprendamos outras e novas formas de dar aula, de estudar, de se formar. Eu, como professora dos anos iniciais, acho que elas são muito interessantes, como recursos para explorar, aprender, criar e produzir objetos de aprendizagem, apesar de apresentá-las e explorá-las de forma iniciante e instrumental.
Contudo, nesse contexto em que vivemos, para que esse a integração das TDIC seja um processo "frutífero", alguns desafios me angustiam e, pelo que li nos posts dos colegas, parecem também angustiá-los.
Dentre eles, cito a dificuldade de mediação dos processos de aprender. Parece inviável mediar pela tela do computador aquele que tem dificuldades para aprender. Parece duvidoso acolher afetivamente, pela tela, aquele que precisa de um sorriso e de um incentivo mais próximo do professor para se sentir confiante na sua capacidade de aprender. Será que conseguiremos mediar os processos de aprender dos nossos estudantes, especialmente daqueles que tem maior dificuldade?
A avaliação também é outro nó, que parece nos atar diante do trabalho com ensino remoto: como vamos ver que nosso estudante realmente aprendeu, compreendeu o que estamos tentando explicar pela tela do computador? Será que vamos acompanhar a todos, em seus processos individuais, nessa distância, pelo computador, sem esquecer de ninguém? Será que vamos conseguir avaliá-los para então nos avaliarmos e redefinirmos, se necessário for, a organização do nosso trabalho?
E além disso, como os colegas relataram, será que todos os nossos estudantes terão condições básicas de estudo em suas casas, uma mesa e rotina de estudo, alguém que os acompanhe e medie nas atividades propostas, que lhes digam que são capazes de aprender? Será que terão os materiais necessários: um computador/tablet/celular, uma rede wifi que lhes permitam acompanhar as aulas síncronas? E aqueles que não tiverem, por dificuldades socioeconômicas, estarão efetivamente incluídos nesse processo todo, mesmo recebendo apenas as atividades impressas? Não estariam eles perdendo mais um direito, sendo excluídos mais uma vez, nessa situação grave e excepcional que estamos enfrentando?
Apesar dessas preocupações, que não são só minhas, é preciso acreditar que o trabalho no ensino remoto, com a integração das tecnologias, se construído com criatividade e responsabilidade, poderá ser um caminho possível que atenue a distância entre os estudantes e a escola, causada pelo contexto pandêmico que vivemos.