Módulo 1

"Diferentes, mas não desiguais!" e “Viva a diferença”

Esses dois slogans ilustram campanhas de organizações de movimentos pela igualdade racial. Fazem parte do conjunto de campanhas e ações de denúncia de que nem sempre as diferenças são vistas como riqueza em nosso país, apesar de o Brasil apresentar, em sua face externa, a imagem do país da diversidade. Por vezes, e não em poucos casos, algumas diferenças viram sinônimas de defeitos em relação a um padrão dominante, considerado como parâmetro de “normalidade”. Quando o assunto é diversidade, há sempre um “mas”, um “também”. Esses “mas e também” trazem uma característica antiga, quando as diferenças e as desigualdades vêm à tona: de que os/as discriminados/as são culpados/as pela própria discriminação; são culpados/as pelo estado no qual se encontram.

Este curso pretende contribuir para que se supere essa construção, a nosso ver equivocada, de que os grupos discriminados “favorecem” a discriminação. Somos convidados a superar as idéias que nos isentam de responsabilidades na transformação da sociedade.

O curso Gênero e Diversidade na Escola tem como propósito contribuir para a construção de uma escola e de uma educação cidadãs. Sabemos que a cidadania é uma construção social. Não nascemos cidadãos/ãs, nos tornamos cidadãos/ãs. A efetivação da cidadania se dá quando somos tratados como cidadãos/ãs, quando reconhecemos a cidadania dos outros e quando nos relacionamos com o Estado como cidadãos/ãs. Nessa lógica, ser cidadão/ã é reconhecer, garantir e defender os próprios direitos e, na mesma medida, os direitos dos/as outros/as. É reconhecer que uma sociedade inclusiva, que contemple as concepções de gênero, raça e etnia e diversidade sexual não necessariamente será excludente de homens, brancos e heterossexuais. Está posto um desafio para você, educador ou educadora: substituir as certezas, convicções e interesses individuais por uma efetiva valorização da diversidade e promoção de interesses e direitos coletivos, também daqueles coletivos que não sejam os seus.

Falar da diversidade cultural no Brasil significa levar em conta a origem das famílias e reconhecer as diferenças de referências culturais. Significa, também, reconhecer que no interior destas famílias e na relação de umas com as outras encontramos indivíduos que não são iguais, que têm especificidades de gênero, raça/etnia, religião, orientação sexual, valores e outras diferenças definidas a partir de suas histórias pessoais. A convivência com a diversidade implica o respeito, o reconhecimento e a valorização do/a outro/a. Sem isso, não há como promover a tão necessária igualdade de direitos.

Para ter uma panorâmica das idéias do curso, leia o texto “Educação, diferença, diversidade e desigualdade”, de Sérgio Carrara e veja por que é tão importante abordar em conjunto a misoginia, a homofobia e o racismo.

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Convidamos vocês, educadores e educadoras, a serem responsáveis, a darem respostas para que a realidade de discriminações seja alterada. Para começar nosso estudo, vamos compreender o que é cultura.